E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham ;
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca, berra o touro;
Grasna a rã, ruge o leão;
O gato mia; uiva o lobo,
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo;
Os elefantes dão urros ;
A tímida ovelha bale ;
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa
(Bichinho muito matreiro);
Nos ramos cantam as aves;
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O seu canto variar;
Fazem gorjeio às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar .
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas
Apenas sabe chiar.
O negro corvo crucita ;
Zune o mosquito enfadonho;
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre; grasna o pato;
Ouvem-se os porcos a grunhir ;
Libando o suco das ores,
Costuma a abelha zunir.
Bramem os tigres, as onças;
Pia , pia o pintainho;
Crucita e canta o galo;
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros ;
O cordeirinho, balidos ;
O macaquinho dá guinchos ;
A criancinha vagidos.
A fala foi dada ao Homem,
Rei de outros animais,
Nos versos lidos acima
Se encontram em pobre rima,
As vozes dos principais.
Pedro Dinis, Tesouro Poético da Infância, org. Antero de Quental, Publicações D. Quixote, 2003
Artigo Completo: Coisas que se aprendiam na Escola Primária
Fonte: vilarmaior1
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