19 de março de 2015

"Tese, antítese, síntese", a critica a "Turbo Lento" de Linda Martini



Mesmo uns furos abaixo de Casa Ocupada, este é mais um belo episódio no percurso dos Linda Martini
“Não queiras ser como toda a gente/ Não queiras crescer de repente/ Que as rugas não são expressão”, canta André Henriques em Tremor essencial. Eles, os Linda Martini, não cresceram de repente: lentamente, em dez anos, tornaram-se líderes da nova geração rock portuguesa. Turbo Lento, terceiro álbum do grupo da Grande Lisboa, o primeiro numa multinacional, tem argumentos para reforçar essa posição.
A linguagem é a mesma das primeiras gravações: rock de guitarras que bebe em doses iguais do estrépito rock (escola Sonic Youth), da pancadaria (escola punk-hardcore), da contemplação em câmara lenta (escola pós-rock), tudo posto ao serviço de quase-canções. Neste aglomerado de referências, os Linda Martini criaram um som reconhecível, seu.
No disco anterior, o melhor do grupo, Casa Ocupada (2010), inspiraram-se no ataque punk, as raízes da banda, revelando-se um grupo mais directo do que o que fez Olhos de Mongol. Tese, antítese, síntese: Turbo Lento junta as duas facetas dos Linda Martini, a punk e a contemplativa.
Com dez anos nas pernas, aprenderam a jogar com os seus limites e méritos. André Henriques está mais desenvolto na voz, alonga-se nas palavras. Sentimos até groove na forma como acompanha o pulsar de Sapatos bravos, que começa com fúria, desemboca em calma (as guitarras encharcadas de efeitos a desenharem remoinhos) e retoma a fúria até ao clímax final. Tamborina fera, uma das melhores canções de sempre do grupo, aproxima-se dos At The Drive-In na forma como o grupo se entrega aos prazeres do punk (gloriosos cânticos de gangue) sem perder o apreço pelo feedback e pelo ruído. Juárez anda pelos mesmos territórios até se transformar em elegia de guitarras pós-rock.
Nem sempre mantêm a excitação (Pirâmica arrasta-se sem redenção, Ratos não entusiasma), mas os vários bons momentos de Turbo Lento compensam largamente os passos ao lado. Volta lembra os Mão Morta mais sossegados e interiores. Panteão mostra que os Linda Martini sabem o apelo de uma simples sequência de power chords. Febril (tanto mar) é um carrossel de possibilidades, encaixando uma amostra de Tanto mar, de Chico Buarque (“Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente”) e jogos de riffs com o apelo lúdico dos cúmplices PAUS.
Resumindo, mais um belo episódio no percurso dos Linda Martini.

Crítica de Pedro Rios [Ípsilon] a “Turbo Lento” do LindaMartini
[O crítico atribuiu 4 (de 5) estrelas ao disco]


Os Linda Martini sobem ao palco do Grande Auditório do TMG amanhã, dia 20 de março.
Adquira bilhetes para o espetáculo aqui.



Artigo Completo: "Tese, antítese, síntese", a critica a "Turbo Lento" de Linda Martini
Fonte: Teatro Municipal da Guarda
5 O CHIBITO: "Tese, antítese, síntese", a critica a "Turbo Lento" de Linda Martini Mesmo uns furos abaixo de Casa Ocupada, este é mais um belo episódio no percurso dos Linda Martini “Não queiras ser como toda a gente/ N...

11:32 | 19 de março de 2015


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