19 de maio de 2014

Decisões de Visitas: Capela de S. Pedro

Hoje vamos deixar as provas que a história tem da capela de S. Pedro e que os visitadores dizem da sua importância ao longo dos tempos, muitos saberemos, mas muitos desconhecerão, agora todos podemos ficar a saber.
Embora na freguesia de Forninhos, foi dos templos religiosos mais antigos situados no antigo território de Penaverde. A sua data de construção é desconhecida, mas há quem afirme que já existia nos primeiros tempos em que o cristianismo foi implantado na região a partir dos séculos VI ou VII.

Planta da Capela de S. Pedro

Em 1758, in"Memórias Paroquiais" o padre Caetano Alvares de Campos, por Penaverde, referia-se assim a este pequeno templo: "Tem uma ermida fora desta vila com a distância de quase uma légua chamada de S. Pedro dos Matos que fica junta a um outeiro, que dizem foi castelo dos mouros, e ainda conserva alguns vestígios de alicerce e porta, e nesta ermida se conta por tradição fora antiguidade a paróquia e vila e ainda se acham muitos alicerces de casas, e muitas sepulturas feitas em pedra. Nesta ermida costuma ir em procissão a gente desta freguesia, e das anexas em dia de S. Pedro Mártir, e dia da Ascensão, as quais procissões acompanha a Câmara do concelho...".
Caiu de todo, mas no ano de 1804 aquando da visita pastoral do abade de Server do Vouga, Fradique Soares do Amaral Borges, que nos servirá também para conhecer a respectiva história, este mandou que "A de São Pedro seja reparada, bem trancada e entretanto retirem o Santo para a igreja matriz.". E, em 1825, o Rev. José Rodrigues Ferreira, abade de Côta, arcipreste de Mões e visitador dos de Penaverde, escreveu: "A capela ou ermida de S. Pedro, M.: não a pude ver sem mágoa e aflição pelo desprezo e profanação com que é tratada - arruinada - os telhados a cair, as portas abertas...por isso fica suspensa e os párocos proibidos de acompanhar lá procissões, tanto daqui como das anexas e lhes marco três meses para a comporem."
O Santo já tinha sido levado para Forninhos.
Em 1948 o Dr. José Coelho, de Viseu, ainda conseguiu ver as ruínas desta capela referindo que a porta principal encontrava-se voltada a poente, descrevendo-a assim: "Templozinho medieval, dissemos, baseados num capitel de coluna românica, que encontramos ao lado, e por lá ficou, mas com obra quinhentista, como o atestam os restos de um portal e do arco cruzeiro - que por milagre ainda se achavam de pé, mas resistindo à vandálica e sistemática acção destruidora dos bárbaros peregueiros regionais. Esta capela estava há pouco tempo reduzida à ábside, limitada pelo arco cruzeiro, e foi recentemente destruída, sendo levada a melhor pedra para Forninhos (...)" assim adiantam, em 2013, os autores da monografia de Forninhos, pág. 36. 
Agora o resumo resultante das visitas dos arqueólogos ao local, em Agosto de 2013, pág. 36 (sublinhado nosso) "...o sítio do Castelo ao S. Pedro, ou Castelo dos Mouros, é um reduto fortificado edificado por volta do século X/XI." "..., onde um pouco mais tarde, talvez no séc. XII/XIII se implantou um casario ainda hoje bastante preservado. Neste povoado, denominado de S. Pedro, são ainda visíveis os restos duma capela em redor da qual estaria uma necrópole, da qual restam alguns sarcófagos partidos em granito.". "A capela cujo orago é S. Pedro de Verona, encontra-se praticamente arrasada, não sendo possível fazer mais ilações sem intervenções arqueológicas.".

Pormenor do casario, em 2008
Pág. 124 (sublinhado nosso):"Um facto interessante diretamente relacionado com o templo de Forninhos diz respeito à imagem de S. Pedro de Verona. Esta imagem foi transferida do templo de S. Pedro de Matos para a igreja de Forninhos sendo posteriormente levada para o Seminário Maior de Viseu, onde ainda hoje permanece.".
Já o Pe. Luís Lemos, autor do Livro de Penaverde, em 2001, escreveu pág. 339 (sublinhado nosso): "Foi Forninhos a herdeira mais quinhoeira do espólio artístico-religioso e arqueológico de S. Pedro dos Matos, na Gralheira - uma estância pré-histórica, dois quilómetros a leste, verdadeira metrópole daqueles tempos. De lá vieram pedras para construções, provenientes de casas desmoronadas (destruídas) e da capela." (...) "Veio também a imagem do Santodepois de muito tempo abandonada na sacristia da igrejaatrás da portaaté que um pároco a levou para o Seminário de Fornos com desagrado geral das populações.".
 S. Pedro de Verona, em 2011

Somente para elucidação de alguns leitores que porventura desconheçam: "Sobre os limites entre a freguesia de Forninhos e a de Pena Verde, muita tinta correu  pelas respectivas juntas de paróquia e pelo município. Havia alguma crispação entre os povos, chegando-se por vezes a ameaças e à concretização destas, até que, em 4 de Maio de 1858, a Câmara Municipal de Aguiar da Beira decidiu estabelecer os limites da coutada desta freguesia, feita através de antigas demarcações.
A Junta de Freguesia de Penaverde, em Outubro de 1939, reclamava acerca dos limites entre aquela e Forninhos, pelo que a Câmara decidiu ir ao local a fim de "serem resolvidas as dúvidas que existiam entre os habitantes das referidas freguesia".
Uma outra contenda, mais pacífica, tem a ver com a "posse" do castro da Gralheira (que Forninhos pretende designar como castro de S. Pedro, por se situar nos montes de S. Pedro e nos limites desta freguesia), cuja designação, segundo alguns autores locais, remete para o lugar de Moreira e termo de Pena Verde.".

Monografia do Município de Aguiar da Beira, pág. 382.



Artigo Completo: Decisões de Visitas: Capela de S. Pedro
Fonte: O Blog dos Forninhenses
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23:04 | 19 de maio de 2014


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