4 de setembro de 2014

A ARRANCA DAS BATATAS


Da mesa da cozinha de minha mãe, repetiu-se o ritual da preparação da "piqueta". 
Ela tem a paixão de, nos seus 84 anos, continuar a cultivar a sua horta no sítio do "porto", que de mimos lhe dá tudo o que necessita. Quando as forças ainda invejáveis não respondem, paga a alguém.
Tem orgulho na sua terra e verão ou inverno para lá acode. Anda encantada...
Estava eu em Forninhos por altura da Páscoa, quando me disse que ia "semear" as batatas no porto, se queria ir ajudar, tinha de madrugar. Disse-lhe que sim, até porque na crença ancestral, dali a três dias 25 de Abril), seria dia de S. Marcos, dia abençoado para a sementeira, afinal o dia em que no antigamente, os bois não trabalhavam - tinham mais um dia de descanso que as pessoas - e lá fui deitar as batatas ao rego, de madrugada.
Da "piqueta", recordo bem, ia a mesma cesta de verga e o "palhinhas" de dois litros de tinto. Apenas divergiu um pouco agora para a "arranca", o conteúdo da cesta, o bacalhau albardado, deu lugar a um delicioso chicharro frito. O resto, chouriça, queijo, azeitonas e presunto, mais a broa, lá estava.   
6 de Agosto, cerca de 4 meses volvidos...
Mal tinha amanhecido, bate à porta do meu quarto a perguntar se ia ajudar a arrancar as batatas...
- "já estou acordado, mãe", menti, mas o silêncio da rua e música da passarada no acordar, foi num rompante.
Vamos ver no que deu a sementeira e nem esperei ir sentado no tractor. Quando chegaram, já por lá andava, cheirando a terra e respondendo um "bom dia " aos mais madrugadores que passavam pelo caminho adjacente. Tempo fresco, mas tão bom...


Por detrás do milho verdejante, "ela" já estimava a logística, faz questão de tal, apesar desta família que com ela colabora ser da maior confiança. Como família.
Daqui o meu obrigado, público.


 O saber desta gente  de "outro mundo" pelo trabalho profissional, é inquestionável.


 Pedem meças a quem quer que seja!


A Ana, anda encantada. Bela e lisa batata, sem moléstia!
Não pára de tal dizer à minha mãe. "Ó mulher, estão assim porque tratei bem delas; muita rega lhes dei. Quem quer, trata". Verdade.


Trabalho feito, hora da "piqueta"!
Acreditem que ainda tocava o sino da igreja, as badaladas para as oito da manhã...


E que bem soube quase acordar com o trabalho feito. Quase parecia ter passado um dia, quanto mais ter começado a manhã.
Os nossos avós teriam orgulho em verem um bocadinho ainda dos seus costumes.
Até as batatas parecem ter outro sabor, nem que seja "estremes" e sem "conduto".
E aquele cheirinho a terra fresca desventrada logo pela manhã...



Artigo Completo: A ARRANCA DAS BATATAS
Fonte: O Blog dos Forninhenses
5 O CHIBITO: A ARRANCA DAS BATATAS Da mesa da cozinha de minha mãe, repetiu-se o ritual da preparação da "piqueta".  Ela tem a paixão de, nos seus 84 anos, con...

01:12 | 4 de setembro de 2014


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