De todas as árvores grandes da minha infância, a Moreira (não se trata de erro, não tinha o a inicial) do Curral Grande era mesmo muito grande: com um tronco não muito alto mas muito grosso, rodeado de umas pedras grandes que, deste modo, facilitava o arrupar-se até aos enormes braços que sucessivamente ramificados formavam uma copa enorme. Tudo ali era grande: a entrada sem portão, o curral, a amoreira e a velha casa, ao tempo abandonada, onde terá havido grande riqueza. De modo que, ainda que sendo propriedade privada estava assim como se de todos fosse. E a moreira de todos era no tempo das moras. Sobretudo dos garotos que aí supriam o açúcar que em casa mingava. E a minha avó Joaquina, numa idade em que já não podia, nem ficava bem ir por elas, dizia: -Ó Júlio, vai-me lá colher um pucarinho de moras! E lá vinha eu contente e pintado com a encomenda. Esta velhíssima árvore, talvez do tempo em que os reis quiseram o incremento da produção de seda e incentivaram a sericultura mandando cuidar do seu principal obreiro o bicho da seda .
Existe ainda um conjunto de amoreiras no Chão da Ponte que devem ser muito antigas e acabaram na toponímia da rua onde moram: As Amoreirinhas. Rua que em tempos era rua principal de acesso à cidadela a quem vinha de leste. Uma outra, recente, que os meus olhos viram crescer, encontra-se, em propriedade que foi de José Fonseca (Laranja) e que se implantou na paisagem onde outrora foi sítio de uma atalaia. Mas a paisagem muda.
Artigo Completo: Árvores com História - A Moreira do Curral Grande e outras
Fonte: vilarmaior1
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