19 de dezembro de 2014

Ave Maria,cheia de Graça!


                                                   4º Domingo do Advento B    
    Ao longo da História os grandes gostaram de imortalizar-se deixando monumentos, grandes obras. É possível que também David, depois de construir e pacificar um grande país fosse tentado a deixar a sua marca na história e agradar ao povo, construindo um templo digno do Deus único, que o escolhera a ele e o mandara ungir para guiar o seu povo. É este propósito que comunica a Natan, o líder espiritual do povo.
   Surpreende, é novidade, a resposta de Deus: “Está quieto e descansado! Já viste o meu poder e predilecção por vós! Pois bem: serei eu quem cuidará do meu povo; eu lhe darei um lugar – a terra prometida desde  Abraão – e a ti darei uma casa, uma família, uma linhagem real que permanecerá para sempre”.
     Como se dissesse: “de que me servem as casas e templos se eu sou o todo poderoso que habita no céu e na terra!? Que podereis fazer vós, meu povo, que seja digno de mim ou me faça falta? Como poderei eu ser encerrado num templo, por mais rico que ele seja?!
     Deus faz então perceber que a sua verdadeira morada entre nós são as pessoas, o coração e vida das pessoas, onde Deus fala na intimidade da consciência. De todas as pessoas, seja qual for a sua crença, pois… diz a Igreja do Vat.II: “ O homem não se engana quando se reconhece superior à coisas materiais e não apenas um elemento da natureza ou da sociedade. Pela sua interioridade, pela sua alma, excede o universo: é esta profundidade que ele atinge quando entra no seu coração, onde o espera Deus que conhece e está nos corações e onde, pessoalmente, perante o olhar de Deus, decide o seu próprio destino.” GS.14.
    Deus faz perceber que outro lugar da sua presença e de encontro connosco é o seu povo que O ama e adora, “pois Deus quis que todos os homens constituíssem uma só família” à imagem dele próprio, que é família, Trindade de pessoas. Por isso Deus anuncia que David e a sua família serão sua morada : Ele será representante de Deus, que guia, protege, vela pelo bem do seu povo, que defende os mais fracos. E Israel vê no seu rei o ungido, o consagrado e escolhido por Deus para O representar e manter o seu povo nos caminhos da Aliança. Por isso, Jesus será chamado filho de David, virá da sua descendência.
      Esta promessa concretiza-se realmente, “em carne e osso”, na Incarnação do Filho de Deus no ventre de Maria de Nazaré. Neste acontecimento, Deus faz-se humano, um da nossa espécie e condição. Neste acontecimento, Deus “toma casa”, faz-se íntimo, ao mais alto grau, de uma mulher da nossa raça, ao ser concebido no seu ventre. Assim, Aquele que nenhum templo pode conter, cabe na pequenez e intimidade de um seio materno…e prolonga agora a sua presença e acção mediante a Igreja-Povo de Deus.
            Ao longo do ano escutamos e meditamos várias vezes este texto da Anunciação ou da Incarnação do Filho de Deus. Permitam que acentue esta atitude de Deus para connosco:
  -Salve, ó cheia de graça! É significativa esta entrada! O nosso Deus é “bem educado”, saúda uma simples mulher e pede licença…porque nos criou como pessoas livres e nos respeita como pessoas responsáveis, mesmo quando lhe dizemos não e voltamos as costas, como fazemos ao pecar. Não é demais lembrar isso, pois o Deus que acreditamos, que se revelou no Natal, é este Deus próximo, que se faz igual a nós, que se coloca ao nosso nível. Bem distinto do Deus que às vezes inventamos e temos na nossa cabeça: distante, de outro mundo, de meter medo, estranho, juiz, inquisidor…
 - Um Deus que se explica e justifica: Não temas Maria ! Um Deus que não nos trata por parvos e brutos mas que dialoga com os humanos que Ele criou inteligentes, que têm dúvidas, que se perguntam “como é?”… É a atitude da nossa fé, de qualquer crente: como é que é isso? Ressurreição? Eucaristia? Igreja? Rezar? Como se entende? A Fé é certeza e descanso pois tem a Palavra de Deus por garantia.
- Um Deus que só dá boas notícias: “Darás à luz um Filho”, Jesus, isto é, “Deus salva”. O mal não vem dele. Nenhum mal vem por Ele…por mais que nós o culpemos de tudo. Ele joga por nós e connosco na vida. É o nosso melhor, maior e mais fiel aliado.
- Um Deus que prova o que diz e promete: “Se estás com dúvidas pergunta à tua prima Isabel o que se passou, ela que já passou da idade!”. O Deus dos sinais!: da natureza e da criação, da beleza e dos mistérios humanos. Do sinal máximo que podia dar-nos: o Seu Filho. Do sinal que este nos deixou: a sua Igreja com o ministério que exerce em seu nome e poder.
- Um Deus que pode fazer o que diz: “Porque a Deus nada é impossível”. Poder não para fazer espectáculo de magia ou satisfazer os nossos caprichos ou necessidades imediatas. Mas um Deus que tudo pode, agindo com Sabedoria, isto é, sempre para o maior bem do homem, de todos os homens e do mundo, -  o que tantas vezes estamos longe de poder e querer entender!!
            Que a Palavra de Deus, fecundada pelo Espírito Santo, nos torne firmes na compreensão e vivência deste mistério do Amor de Deus, revelado no Natal – como diz Paulo (Ro.16). Mistério da Incarnação de Deus que é, ao mesmo tempo, a revelação da grandeza humana e do destino extraordinário para que Deus nos criou: o destino de sermos filhos de Deus e participantes da Sua Vida.                                                                        (Pe. António Coelho)



Artigo Completo: Ave Maria,cheia de Graça!
Fonte: Arciprestado do Rochoso
5 O CHIBITO: Ave Maria,cheia de Graça!                                                    4º Domingo do Advento B           Ao longo da História os grandes gostaram de imor...

17:23 | 19 de dezembro de 2014


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