Hoje trago um extracto (que reproduzo) do Livro do Pe. Luís Ferreira de Lemos, de Penaverde. O autor terminou esse livro em 1966 e descreve como eram os instrumentos domésticos da sua terra e do seu tempo, assim:
«À arca do bragal sucedeu a mala de coiro ou de folha de Flandres, quando não o volumoso e mais cómodo guarda-fatos, com espelho ao alto, de ver o corpo inteiro e o ajuste dos sapatos.
Também na cozinha, ao antigo "cambeleiro" - um tronco de carvalho ou castanho, de galhos compridos e hirtos, onde se penduravam as panelas de barro ou de ferro - sucederam os pregos ou cabides que seguram os tachos de alumínio ou de esmalte, alinhados nas prateleiras. O cântaro de barro ou de lata é que tem o mesmo lugar no fundo da cantareira, enquanto não fôr substituído pela torneira de água encanada. É lá que vai cada um buscar a água para se lavar de manhã, na bacia comum, que isto de lavatório ou quarto de banho é luxo de fidalgos, em casas grandes. Banho? Salvo raras excepções, só os garotos ou rapazes, nos açudes dos ribeiros, passado o S. João, mais por desporto ou para pescar, que por exigência intrínseca de higiene. Por banho entende o escalda-pés a quem estiver engripado, ou aqueles minutos de águas sulfúricas contra o reumatismo. (...)».
Em 1966, nessa terra (na minha e nas outras) ainda não havia água canalizada em casa. Isso mesmo diz-nos o autor «O cântaro de barro ou de lata é que tem o mesmo lugar no fundo da cantareira, enquanto não fôr substituído pela torneira de água encanada». A cantareira tira o seu nome ao cântaro, sendo o móvel onde são colocados esses cântaros de barro ou de lata.
cantareira |
Cantareira
Por cima, levava loiças, em baixo havia um espaço de arrumações e, no meio, à altura das mãos da dona de casa, lá estava a larga e espaçosa prateleira a albergar os cântaros.
Quando a água começou a entrar pelas casas dentro, lá se foram as cantareiras e as idas à fonte e tudo se resumiu a uma torneira...isto, na cozinha.
Por cima, levava loiças, em baixo havia um espaço de arrumações e, no meio, à altura das mãos da dona de casa, lá estava a larga e espaçosa prateleira a albergar os cântaros.
Quando a água começou a entrar pelas casas dentro, lá se foram as cantareiras e as idas à fonte e tudo se resumiu a uma torneira...isto, na cozinha.
Ainda é possível observar que «É lá que vai cada um buscar a água para se lavar de manhã, na bacia comum, que isto de lavatório ou quarto de banho é luxo de fidalgos, em casas grandes». Isto, diz o autor. Mas penso que a coisa pode estar um tanto romanceada, porque os lavatórios não eram só luxo de fidalgos, em casas grandes. Os lavatório era uma peça que havia em muitas casas. Pelo menos, em Forninhos!
Lavatório
Este está completo, tem o jarro para a água limpa, a bacia e o balde que recolhia a água da bacia, depois de utilizada na higiene das pessoas. Tem ainda a saboneteira que era outro acessório deste conjunto.
A esta peça espantosa de antanho sucedeu-lhe a casa de banho equipada com três torneiras (lavatório, bidé e chuveiro/torneira da banheira) e ainda o autoclismo.
lavatório |
Este está completo, tem o jarro para a água limpa, a bacia e o balde que recolhia a água da bacia, depois de utilizada na higiene das pessoas. Tem ainda a saboneteira que era outro acessório deste conjunto.
A esta peça espantosa de antanho sucedeu-lhe a casa de banho equipada com três torneiras (lavatório, bidé e chuveiro/torneira da banheira) e ainda o autoclismo.
Artigo Completo: Do cântaro à torneira
Fonte: "Blog dos Forninhenses"
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