Altura delas!
Colheitas e lenha arrecadas, vindimas terminadas e nabos e "pão" semeados, pouco vai restando até a vareja, a última "empreitada" do ano a doer. Vão-se apanhando os míscaros e as primeiras paridelas dos ouriços arreganhados, as castanhas. Que vão escasseando, mas tanta história fizeram...e fome mataram...era o pão dos mais desfavorecidos, em muitas casas.
Os normais e típicos magustos ainda remetem a lembranças, mas das castanhas boas e sãs que iam às arrobas para o caniço que ficava por cima da lareira, quem ainda se lembra? Possivelmente só quem delas tinha uma fonte de alimento e rendimento.
À semelhança do porco morto, do vinho e cereais, havia que guardá-las e poupá-las para todo o ano, mormente para o impiedoso inverno em que um caldo (sopa) feito de castanhas secas, um bocado de gordura e migado com uns pedaços de pão de milho esfarelado, era um belo sustento.
Depois de secas, pilavam-se e assim se conservavam para depois de demolhadas se utilizarem na alimentação, cozidas ou em caldo.
A preparação:
A castanha pilada - também conhecida nas nossas bandas por castanha seca - tinha um modo certo de ser preparada. Eram escolhidas as melhores, "sem bicho" e de preferência as martainhas e longais, saborosas e que descascavam-se bem.
Por cima da cozinha com lareira e pilheira de pedra, colocavam um caniço feito de tábuas estreitas, desviadas ligeiramente umas das outras, sendo aí espalhadas as castanhas que o calor e fumo da fogueira ia secando.
Findo o processo da secagem natural (1 a 2 meses), eram retiradas e metidas em canastros de verga, em Forninhos chamados de "barreleiros" por serem os mesmos onde se faziam as "barrelas" para lavar e tingir as roupas...
E os homens de botas ou tamancos calçados, bamboleando-se de um lado para o outro, pilavam-nas, isto é, quebravam-lhes a casca para estas se soltarem.
Cada qual depois as guardaria, conforme o governo da casa e necessidades; e tais sobrando, "duras que nem cornos", ansiavam pelos almocreves que no Largo da Lameira soltavam o pregão:
Quem tem castanhas piladas p´ra vender...
Peles de coelho...peles de cabra...
Ou cornicão ou cornacho...lenticão!
Ferro velho p´ra veeeeender!...
E mais tarde, cantando as Janeiras de porta em porta, la vínhamos com um punhado delas nos bolsos!
E mais tarde ainda, rilhava-se uma castanha no 1.º dia do mês de Maio, uma tradição que se cumpria noutros tempos, ou seja, nesse dia era costume perguntar-se aos miúdos: - já comeste uma castanhas hoje? Olha que o burro engana-te! Havia sempre quem as guardasse de propósito para este dia como de resto se explicou aqui.
Artigo Completo: Castanhas Piladas
Fonte: O Blog dos Forninhenses
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